Entro na sala no primeiro dia de aula. O olhar sombrio, desaprovando-me como que já me conhecesse. Não recuo, não declino. O meu jeito de dar aula é este: duro, porém sensível aos problemas; analítico, porém cauteloso ao ouvir; ríspido, porém sôfrego na percepção e empatia pelo outro.
O professor nunca será e nem pode ser somente um lado, até porque o aluno também é agente nesse contexto. Agente, na concepção precípua da educação, que teima sempre em nos testar, em nos incitar, em nos provocar.
Professor é vida, é moeda de dois lados, é antítese, é paradoxo, é profissional, é ser humano, é razão, é emocional. Em alguns momentos tem que dar uma de Fernando Pessoa e ser até heterônimo.
Desistir? Não é sua característica, porque resiliência é algo fundamental e necessário em sua vida, que se prolonga em outras vidas. Nesse caso, a dos alunos.
E assim, como diz o poeta: "gira a entreter a razão, esse comboio de cordas que se chama coração".
01/02/2016